China vai retirar versão 2D de 'Avatar' dos cinemas no próximo sábado!

Censores chineses determinaram que a versão em duas dimensões de “Avatar” seja retirada dos cinemas do país no próximo sábado (23). O objetivo aparente é reduzir a concorrência à produção cinematográfica local durante o período de férias.

As versões 3D e Imax do longa-metragem dirigido por James Cameron vão continuar em cartaz até fevereiro.

O filme, um épico de ficção científica, conta a história da desocupação forçada de um povo, um tema que atinge a China politicamente.

A China Film Group, distribuidora estatal do filme de Hollywood, tomou a decisão após receber instruções de censores. O porta-voz da distribuidora foi procurado nesta terça-feira (19), mas não retornou as chamadas.

Cinebiografia de Confúcio

Consta que parte da razão seria reduzir a competição aos filmes chineses, como a cinebiografia do filósofo chinês Confúcio, estrelada pelo astro de Hong Kong Chow Yun-fat, que estreia na próxima quinta-feira (21).

Nesta terça, o “Beijing Youth Daily” mencionou que a sub-gerente da UME International Cineplex, Liu Hui, confirmou a retirada de “Avatar” dos cinemas da capital. Hui afirmou que a medida não vai afetar a receita das salas.

"Na UME, as versões Imax e 3D compõem 90% da nossa bilheteria, então isso não atingirá a maioria dos espectadores. Com a retirada da versão em 2D, filmes como 'Confúcio' vão ganhar algum espaço para exibição", afirmou a subgerente.

Fevereiro é o mês do Ano Novo Lunar, o maior feriado nacional da China. Com uma semana sem trabalho ou mais, muitos chineses são esperados nos cinemas do país. A China possui cerca de uma dúzia de salas Imax, outras 800 salas 3D e um número estimado em 4.500 de cinemas regulares. Não há certeza sobre o número de salas 2D em que "Avatar" está sendo exibido.

Perfil protecionsta

A China tem um perfil altamente protecioista com relação à própria indústria de cinema, permitindo que apenas 20 filmes estrangeiros sejam exibidos no país a cada ano. O diretor james Cameron, que visitou Pequim em dezembro de 2009, como parte da turnê de divulgação do filme, tinha sido chamado a fim de dar um fim a essa restrição, que também está sendo contestada pela Organização Mundial do Comércio.

Existe também uma certa sensibilidade ao tema do filme, que gira em torno da desocupação forçada da raça Na’vi por humanos — história que, dizem alguns, faz referências à China, que promove a retirada brutal de milhões de moradores para abrir caminho para especuladores imobiliários.

A colunista Huang Hung fez um comentário no jornal “China Daily” dizendo que o filme tinha atingido em cheio o público chinês. “Isso faz de nós, chineses, as únicas criaturas do planeta hoje que poderiam sentir realmente a dor dos Na’vi”.

Recordista de blheteria

"Avatar" já é o maior sucesso de bilheteria da China, arrecadando mais de US$ 44,1 milhões até o último dia 12, superando os sucessos de 2009, "2012" e "Transformers 2".

Os números chineses ainda são modestos em comparação aos da América do Norte, mas o país figura como um mercado crescente para Hollywood. As receitas saltaram de 920 milhões de yuans em 2003 para 4.3 bilhões de yuans (US$ 630 milhões) em 2008 — comparado aos US$ 9,8 bilhões dos EUA no mesmo ano, de acordo com estatísticas divulgadas pelo governo.

Os ingressos para a versão versão 2D custam entre 30 e 40 yuan (de US$ 4,40 a US$ 6), enquanto os bilhetes para a 3D são mais caros: entre 60 e 80 yuans (entre US$ 9 e US$ 12). Já o ingresso para o Imax vale de 130 a 150 yuan (de US$ 19 a US$ 22), valores considerados caros para o público chinês.

A decisão da retirada do longa dos cinemas se espalhou rapidamente por toda a metrópole financeira de Xangai.

"Não é só no nosso cinema. A versão 2D de "Avatar" vai ser retirada de todas as salas", disse um gerente de vendas de ingressos do Nanjing Peace Theater, que não quis se identificar porque não tinha sido autorizado a falar com a imprensa.

"Se quiser assistir, aproveite a oportunidade agora mesmo, mesmo em 3D", disse ele.